quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Clipping



Jornal Estado de Minas 30/04/2009

Entre Casas e Coisas 
Walter Sebastião

Mais uma contribuição para que se veja a nova pintura que vem sendo feita em Belo Horizonte: a mostra Outras cidades invisíveis, de Augusto Fonseca, de 30 anos, que vai ser aberta hoje, na Galeria de Arte da Cemig. O autor é formado em cinema e pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Entre 2007 e 2008, além de mostrar seus trabalhos na galeria da escola, participou de exposições na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) e na Galeria de Arte Nello Nuno. Ele está mostrando pinturas e aquarelas realizadas nos últimos três anos.

O motivo das obras é a metrópole, em contexto que traz símbolos e signos. “É reflexão sobre a cidade contemporânea, sobre a aglomeração de coisas, construções e pessoas que está sempre se expandindo”, define. Há ironia nas imagens, mas o artista prefere a palavra sarcasmo, com multidão falando, se movendo, espremida em espaços miúdos. Mas Augusto Fonseca olha com desconfiança a ideia de que sejam cenas engraçadas ou recriadas com humor. E não esconde que sente incômodo diante de situação (“cada um se cercando em seu territoriozinho”) que “na vida real é angustiante”. Sentimento que está nos trabalhos, imagens que deixam quem olha perdido.

“Cada pessoa acaba sendo uma cidade e vice-versa, cada um tem uma cidade interna”, acrescenta Augusto Fonseca, se referindo ao livro Cidades invisíveis, do italiano Ítalo Calvino, citado explicitamente no título da exposição. Em curso nas imagens está motivo amplo: “A constante busca de controle do caos pelo ser humano”. Para além do imediato está o gosto pelo desenho, que levou a ilustrações e experiências com animação. Buscando aprimoramento, o artista voltou à escola e se dedicou a pintura. “Como o livro ou a música, ela sempre vai ter espaço. É mais um meio para colocar reflexões e ideias”, defende.

O melhor da atividade de pintar? “É o processo em si, as coisas novas que você vai descobrindo, aprendendo, acrescentando e que fazem querer pesquisar mais”, responde. Artistas que Augusto Fonseca admira: Paul Klee, os construtivistas Torres Garcia, Amilcar de Castro e Fernando Lucchesi, entre outros. Os motivos: inovação e experimentação, a questão dos símbolos, a capacidade de síntese e autonomia da pincelada.

Local: Galeria de Arte da Cemig
Endereço: Avenida Barbacena, 1.200, Bairro Santo Agostinho - Belo Horizonte
Data: Até 17 de maio
Horário: Das 8h às 19h, inclusive sábados, domingos e feriados